quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Uma questão de sorte...

Época natalícia em Nova Iorque. A agitação total. Pessoas a correr de um lado para o outro a fazer as suas últimas compras. E eu, Francisca, uma pobre menina a vender biscoitos acabadinhos de fazer pela minha mãe.
Estamos em pleno século XXI, numa época de crise, mas mesmo assim estão centenas de pessoas nas ruas a tentar fazer alguém feliz.
São 17:45h.
Fui abordada por uma bela senhora, de um vestido azul bastante comprido e pela sua cara excelentemente maquilhada dava para perceber que era uma senhora de grande fortuna.
-Oh minha querida, quem fez estes biscoitos?
-A minha mãe.
-Onde?
-Na minha casa, num fogão de lenha. São caseiros. Estão acabados de fazer. Ainda estão quentes.
Provou um, a seguir outro e ainda mais um. No final fez uma breve pausa, olhou para mim e admitiu:
-Estão fantásticos. Queria conhecer a minha mãe. Onde a posso encontrar?
-Em casa, a confecionar mais biscoitos. Posso levá-la lá se quiser.
-Agradecia.
Arrumei a minha banca e dirigi-me para casa com a senhora.
Moro nos arredores da cidade numa casa típica portuguesa. Quando os meus pais vieram para cá viver, depois de se casarem, construíram uma casa típica do seu país para não se esquecerem das suas origens. Entretanto o meu pai faleceu quando eu tinha apenas três anos. Tenho um irmão mais velho, Rui, que tinha treze anos quando aconteceu aquela tragédia. Seis anos mais tarde, o meu irmão foi estudar Gestão de Empresas para fora mas nunca mais tivemos notícia dele.
Atualmente tenho vinte anos. Não tirei nenhum curso por falta de dinheiro mas consegui completar o 12º ano. O meu pai era o sustento da família.
Aquela senhora, cujo nome eu desconhecia naquela altura, mas viria a descobrir que era Leonor, disse à minha mãe que gostava que ela fosse a cozinheira em sua casa. A minha mãe aceitou e em forma de gratidão a senhora disse que como eu era muito educada não se importava de me pagar um curso.
Sempre quis ser médica e tive notas para isso mas o dinheiro… mas o dinheiro é que falta.
Via-se na cara da minha mãe que tinha orgulho em mim.
No fundo eu tinha medo de ir para a universidade mas era um sonho poder ouvir alguém chamar-me «Senhora doutora».
No dia seguinte, a minha mãe foi trabalhar para a enorme casa dessa senhora e esta foi acompanhar-me até à faculdade para me inscrever no curso que eu queria.


Paula Catarina Soares Nº18
Renato Macedo Nº 19

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